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Pablo Marçal e a incessante busca do brasileiro por um herói

Nas últimas eleições, observamos um fenômeno recorrente e intrigante no cenário político: a necessidade de idolatrar uma figura e atribuir-lhe o título de salvador da pátria.

Em 2026, vimos esse fenômeno em São Paulo com João Doria, cuja campanha mobilizou milhares de seguidores fiéis, criando um movimento que, a meu ver, foi um marco decisivo para as eleições futuras. Doria trouxe consigo o discurso de ser um administrador/empresário, não um político, e prometeu fazer o melhor por São Paulo, destacando-se como uma alternativa à classe política tradicional, que já estava desgastada por diversas controvérsias.

Doria foi eleito, derrotando com folga o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad. No entanto, sua trajetória acabou se assemelhando à de outros políticos, mostrando que é impossível fazer política sem ser político.

Entre 2016 e 2018, o cenário político passou por transformações significativas, com o avanço da Lava Jato, que evidenciou o envolvimento de cerca de 99% dos nossos políticos em algum tipo de corrupção. Contudo, um político em particular soube capitalizar sua ficha limpa até então: Jair Messias Bolsonaro, que emergiu como um dos maiores fenômenos políticos já vistos no cenário eleitoral brasileiro. Bolsonaro ganhou notoriedade por meio do programa CQC e, com seu jeito irreverente e desinibido, começou a ganhar espaço nas redes sociais.

Inicialmente, Bolsonaro era um político de centro, mas, com o enfraquecimento da direita e da esquerda devido a escândalos de corrupção, ele encontrou um nicho carente de líderes tanto no Brasil quanto no cenário mundial: a extrema direita radical.

Aproveitando-se da queda de seus adversários e da prisão de Lula, um de seus principais oponentes, Bolsonaro foi abraçado pela população como o novo salvador da pátria. Vestiu sua capa de herói e atacou não só a esquerda, mas também a direita tradicional.

O fenômeno Bolsonaro foi tão grande que ele ajudou a eleger João Doria como governador de São Paulo. Assim como Dória, muitos outros candidatos surfaram na onda bolsonarista.

O sucesso de Bolsonaro revelou a carência de candidatos no Brasil. Apesar de uma carreira política longa, sem projetos relevantes no Congresso e com suspeitas de ligação com milícias no Rio de Janeiro, o povo lhe deu carta branca. Bolsonaro quase venceu a eleição no primeiro turno, o que teria sido ainda mais impactante para o cenário político.

Seu mandato, no entanto, ficou longe de ser exemplar. Bolsonaro não conseguiu lidar adequadamente com a maior pandemia da história moderna e perdeu força política. Ele só não sofreu impeachment porque ainda tinha muito apoio popular. Nesse ínterim, um velho conhecido de Bolsonaro voltou à cena: Lula. Com a reviravolta nos casos da Lava Jato, Lula foi solto e voltou a assombrar Bolsonaro.

O retorno de Lula reforçou a ideia de que o brasileiro precisa de um herói, independentemente de quem seja. Mesmo com uma condenação recente por crimes de corrupção e um longo histórico de irregularidades em seus governos, Lula foi novamente abraçado pela população, que preferiu esquecer seus crimes em potencial diante do fracasso de Bolsonaro.

O Bolsonarismo não facilitou a eleição de Lula em 2022, sendo uma disputa acirrada e cheia de controvérsias e reviravoltas. O movimento bolsonarista mostrou que havia aprendido a usar uma das principais ferramentas do mundo moderno: as redes sociais.

Poucos sabem, mas o sucesso das redes sociais de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 passou pelas mãos de um futuro “salvador da pátria”, aquele a quem a população logo transferiria a capa: Pablo Marçal.

Em 2022, Pablo Marçal era pouco conhecido, mas já dominava a arte das mídias sociais. Ele não ajudou Bolsonaro apenas com dinheiro, mas também com estratégia de marketing. Marçal começou a ganhar notoriedade em 2023 por meio de cortes de suas palestras, onde chegou a ser comparado a Naldo Benny, devido às suas falas duvidosas.

Marçal fez afirmações absurdas em suas palestras, que dividiam a opinião até mesmo de seus seguidores. Suas declarações, como dar socos no nariz de um tubarão ou ser convidado pelo governo chinês para estudar lá, lhe renderam muito dinheiro e notoriedade.

Em 2024, Marçal decidiu se candidatar a prefeito de São Paulo, assim como João Doria em 2016. Seus discursos são similares, mas Marçal tem um passado muito mais polêmico que Doria, Bolsonaro e até mesmo Lula. Pablo Marçal já foi condenado por estelionato, incluindo golpes em idosos, e recentemente surgiram notícias de que líderes de seu partido trocaram carros de luxo por pacotes de cocaína para o PCC.

As pesquisas mais recentes indicam que Pablo Marçal provavelmente repetirá o feito de João Doria e se tornará o próximo prefeito de São Paulo, comprovando nossa carência ao escolher candidatos. Assim como ocorreu com Maluf, Bolsonaro e Lula, o brasileiro parece preferir perdoar crimes e alimentar a esperança de uma mudança para o bem maior.

Pablo Marçal é diferente. Comparado com outros políticos mencionados, Marçal se destaca como o mais inteligente e, principalmente, como alguém que sabe usar as mídias sociais. Comparando seu poder digital com o de seus oponentes arcaicos, não seria exagero dizer que, se Pablo Marçal simplesmente fizer nada e manter seu alto engajamento nas redes sociais, ele pode se tornar o próximo presidente do Brasil.

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